Agora eu entendo o que Emily Dickinson queria expressar em "My river runs to thee..."
Simplesmente ela estava nesse dia em que o amor parecia te fazer completo. Hoje sinto falta disso e não posso respirar o mesmo ar, nem mesmo viver o mesmo momento. Lembro de um comentário sobre Edna Pontellier, personagem de "The Awakening" de Kate Chopin, enfrentando o mar. Com medo da amplitude que ele possui. Com medo de enfrentá-lo. Uma metáfora do medo do novo que a aguardava. Pouco a pouco ela consegue enfrentá-lo.
Estou com medo da amplitude agora. Estou com medo de enfrentar um caminho completamente novo e sem ninguém com quem contar, sem uma base para apoiar. Estou com muito medo.
Porém, é a decisão sensata.
domingo, 9 de novembro de 2008
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Existe luz no fim do túnel?
Algumas vezes eu preciso de um ouvido amigo. Um momento em que me dirão as coisas belas que preciso ouvir. Coisas que eu aceito como meu combustível. Preciso de carinho, pois estou disposto a dar atenção. Preciso de conforto também e de paciência.
Acho que preciso confiar mais em mim. Mais em meus dizeres e em minhas palavras. Mais em minhas promessas e menos nos devaneios e pensamentos.
Estou com medo de perder, mas muito mais medo de ser perdido. Existe luz no fim do túnel ou apenas as promessas esperando enterro?
domingo, 12 de outubro de 2008
Ele, Ele, Ele
Ele caminhou tão calmo e tão fora de sintonia. Seu casaco estava um pouco desarrumado - o suficiente para desandar esse olhar que eu fixei. Certamente é proposital. Certamente é algo que ele quer provocar nos outros. A porta que ele deixa entreaberta me convida para investigar o seu noturno. Olhando percebi que ele endireitou o casaco e a gola está alta, do jeito que eu gosto e sempre gostei. Acho o andar mais atraente ao sabor desse vento pseudo-frio. Enganam sobre a pureza os lábios dele. Cogito que ele nunca beijou alguém. Fantasio que ele dançou ontem. É mais palpável, pois ele parece ser o dançável. Será que só eu imagino o quão stripper ele pode ser? Será que essa minha fantasia é tão absurda que ele perderá o foco quando notar minha fixação? Eu reconheço nele o que eu procuro em mim. Uma beleza irreparável. Algo meio Dorian Gray, mas sem a parte da dor e arrependimentos. Como ele ainda está tão belo. Clichê eu dizer que a luz repousa sexy-mente nele. Não é fútil, é saber apreciar. Quão distante de explicações ele pode ser? Queria me prender ao físico, mas o metafísico habita, polui meu ar e perfuma o dele. Procuro nele o que não acho em mim: satisfação com o desarrumado. Satisfação no não-concordado.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Vamos nos assustar
Hoje não serei muito crítico, mas apenas sugestivo. Sempre que levanto ligo a televisão apenas por diversão. É sempre nessa faixa horária das 5:30-6:00 que vejo um clipe interessante. Ou ao menos era. Já percebi que há uns dois meses tenho me rendido ao espetáculo monstruoso que assumiu os canais musicais.
Ligo a TV. Com o controle sintonizo na VH1 e me deparo com uma sessão medonha de clipes cafonas, músicas péssimas e um gosto musical duvidoso. Não sei por onde começar, mas assistir um grupinho de meninos-à-la-travesti ou tentativas-de-Boy-George chamado Linear não é a melhor coisa para começar o dia. Aquelas roupas e gestos. Tudo bem que podem dizer que eram os anos 80. Então eu digo "Viva os anos 2000!" e por favor parem de exibir essas coisas medonhas. Deixe essa trabalho sujo para o YouTube.
Então para piorar entra uma coisa chamada Information Society com um vídeo que eles devem ter achado futurista - ou essa foi a intenção. Está mais dadaísta que futurista, isto é, se for arte mesmo, o que tenho minhas dúvidas. "Ah, mas você está sendo preconceituoso" pula em minha mente como uma resposta que ouvirei caso comente isso no trabalho. Mas será que sou mesmo preconceituoso ou apenas apreciador de coisas profissionais? Tudo bem que, às vezes, me rendo ao cafona e ponho essas coisas no rádio. Afinal, quem não tem esse lado que atire a primeira pedra. Porém, isso não justifica sermos obrigados a assistir essas coisas surreais.
Mesmo para as coisas ruins existe um nível. Sabemos que um determinado artista pode ser ruim, mas existe um outro pior. É questão de gosto e análise de trabalhos. É o velho ditado que cada um tem um gosto.
Para fechar a idéia, nada melhor que alterar o nome do programa de Clipes para Acordar para Clipes para Assustar. Fica muito mais verdadeiro, VH1.
(Foto: Capa do disco da tal banda Linear - veja se não são uma mistura medonha?)
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Savin` The Heart
Faz tempo que quero escrever sobre isso e tenho me pressionado a não fazê-lo. Talvez por não estar pronto a enfrentar essa situação de frente. Talvez ainda pela verossimilhança não ser completa em minha vida, ou mesmo por eu não estimar tanto o que iria dizer. O fato é que estou colocando em prática agora o dilema que tanto me assombrou. Salvar o próprio coração.
Vamos salvar o coração. A mensagem no clipe de Alanis é bem clara e o anagrama entre Heart e Earth é genial. Isso me fez sentar e ponderar, por horas e horas se posso adicionar. Estamos tão presos aos nossos próprios calabouços que o lado de fora parece apenas mostrar o compreendido como ruim. Vamos salvar o que nós temos de mais importante.
Que tal colocarmos em prática todos aqueles sermões dos nossos avós sobre como cuidar de nós mesmos antes de cuidar do mundo? Não posso ajudar se não me ajudar primeiro.
(Foto retirada do clipe "Underneath" de Alanis Morissette)
sábado, 19 de julho de 2008
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Revolta do Subúrbio
Será mais uma das milhões de reclamações que assombram o Rio de Janeiro. Mais (alg)uma(s) da cidade maravilhosa.
O que uma pessoa que não é do RJ pode fazer? Sim, compreendo que temos uma fama um tanto quanto suja: somos o povo da balada, da night, da bebida livre, do "jeitinho", do virar-a-noite-dançando além de mil outras famas mais estereotipadas tipo praia e corpaço. O que me supreende (ainda) é como vivemos (ou melhor, sobrevivemos) nessa gandaia que é o RJ, manhã, tarde ou noite.
A magnífica night do Rio (Copélia entra: prefiro não comentar) se resume ao seguinte: zona-feia, zona-elitizada e zona. No final das contas é tudo zona, zona na zona sul, o lugar mais popular do Rio. De Copacabana à tarde e as intermináveis obras até o antes-doce-e-agora-medonho bairro de Santa Teresa, é tudo zona. Levamos o primo paulista d'um amigo para uma night no Centro da cidade. Tudo bem que concordaremos não ser o lugar mais privilegiado, mas seria o mais acessível, levando em conta as possibilidades de assalto e o hotel.
Se eu pudesse resumir, o que não quero, é dizer que o Centro só está cada vez mais dado ao nada. Um lugar tão atraente e de valor inimaginável está dados aos mendigos e urina. Caso queira usar um banco à noite você tem que estar armado no mínimo. Caso queira andar tem que olhar fixamente para o chão. Basta um desvio de olhar que você leva um belo tombo ou ao menos tropeça, entre outros plus da nossa cidade de sorte.
Depois desse desastre de noite decidimos pela manhã ir ao complexo de Copacabana. Acho que podemos fazer um paralelo entre o Alemão e Copacabana: a única diferença é que em um temos casas e no outro prédios. Aliás, temos outras diferenças no que tange a questão de educação do tipo "com licença" ou "por favor". A nossa camada popular é bem mais educada.Voltando ao complexo de Copacabana, ele parece estar sempre em obras ("para a melhoria da cidade" - segundo o cartaz), mas me afogo em poeira sempre que piso na terra da so-called gente bonita. Aquele lugar vive em obra mesmo ou é só quando piso naquelas bandas? Resolvemos passear pelo Arpoador. Então um assalto e o nosso amigo paulista descobre o que é o Rio. Passam alguns globais e menos globalizados. Pavão-pavãozinho-ou-seja-qual-o-nome está ali atrás encoberto pelo complexo de prédios que se prolonga. Vemos na outra ponta o belo Dois Irmãos, mas a Chácara do Céu está cada vez mais próxima do céu mesmo. Resolvemos ir para Santa Teresa e descansar.
Parafraseando os Mamonas: "Chegando lá, mas que vergonha! Só tinha [buraco, asfalto cedido, bonde caindo, pivetes, árvores que não sabem o que é o verbo podar, favelas etc]". Ao menos salvo a roda de samba e os ainda-praticantes. Uma bela de uma vista do Páo (Como estava escrito em várias placas na praia do Flamengo) de Açúcar. Mais bela ainda a vista de Tavares Bastos engolindo o Catete e a Glória. Ou talvez a vista do Catumbi sendo engolfado pelo maremoto de favelas ao redor. Entretanto estava o pior por vir: decidimos ir para o Botafogo Praia Shopping, o shopping que tem 257 escadas e mais uma vista do Páo. Descendo a Glória nos deparamos com o descaso público. Escadas tortas, desniveladas, prontas para derrubar as milhões de senhoras idosas que encontramos na descida. O pior foi que estávamos na "parte boa" da Glória. Medo é pouco para descrever o negro que engolia aquelas vielas. Finalmente chegamos ao espaço decadente da Rua da Glória e caminhamos em direção ao ponto de ônibus. Encontramos um mendingo que pede "o que é dele, pois ele não rouba, só quer o que é dele". Entramos no táxi para fugir daquele lugar e chegamos nos confins do Botafogo Escada Shopping. Ali dentro você vive um conto de fadas, mas ao sair você pisa na vida real. Lembro em minutos que uma amiga foi assaltada ali na porta do shopping.
No final do dia percebi que prefiro ficar em meu cantinho que não tem buracos, não tem assalto em cada esquina entre outros. É subúrbio, mas é limpinho (em termos). Porém, acho que saneamento é papo de outro dia.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Revolução Íntima
Cheguei ao fato mais dissecado: é para sempre e quero que seja para sempre. Meu objetivo é tentar fazer durar o maior tempo possível. Fazer essa sensação de segurança e de alegria persistir e ser parte da rotina. Ignorar esses avisos "eu me odeio" e "desprezível" que pendurei na minha entrada. Meu espelho não pode mais me depreciar dizendo que está na hora de uma revolução íntima. Eu é quem decido a hora de revoluções e hora de hastear a bandeira branca. Orgulho não me levará a lugar algum e esse medo não me põe para frente. O fato é que para manter essa fusão citada no início, a arma mais potente é o desapego ao que chamei de rotina: autodestruição desativada.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Gostos
Eu gosto de dias meio-ensolarados, mas com vento frio, só para ficar arrumado e não carregar guarda-chuva. Gosto de ler tudo, mas tenho uma queda irreversível por poesia. Gosto de filmes de terror e suspense, mas gosto bem mais de dramas. Não gosto de quarto desarrumado, tampouco de louça me esperando na pia. Gosto da casca do pão e da geléia de morango da Ritter. Gosto de Sylvia Plath, Lya Luft e Carlito de Azevedo, mas nunca descartei o suplemento de classificados de imóveis. Tampouco as bulas de remédio, especialmente as que me desafiam com fonte 6. Eu aprendi a gostar de Hawthorne recentemente e acho que nunca vou gostar de Paulo Coelho e de Chaucer. Gosto de ver o mar e de virar a noite vendo filmes. Gosto de pegar ônibus e admirar a paisagem, mas trem ainda me é uma batalha. Gosto de ilhas, sorvete de manga, vinho tinto seco e carinho na orelha. Gosto de cheiro de lavanda no banheiro e do Floratta in Blue. Gosto de ler as últimas páginas do livro antes de começá-lo. Gosto de inverno, verde e elevadores rápidos. Gosto de comprar livros. Não gosto de dormir à tarde. Gosto de riscos e rabiscos. Gosto de cadernos vazios e folhas pedindo preenchimento. Gosto de risadas longas e compulsivas.
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