domingo, 17 de abril de 2011

Zeus


Depois de quase um mês acho que preciso aprender a acreditar mais na ausência e menos nos barulhos que me enganam. Sempre levanto a cabeça e acho que a porta será aberta. Acho que você entrará com aqueles passos leves, com o barulho sutil que só você fazia. Percebo que tudo é uma grande ilusão e você não pode voltar. Ninguém ensina como superar uma perda, pois não existe mesmo algum tipo de preparação. Você simplesmente sabe que isso, cedo ou tarde, acontecerá.

Escrever virou uma grande tortura e não quero que cada texto, poema ou frase fique marcado com o teatro que essa dor virou. Quero ser capaz de ressuscitar aquilo que você me ensinou diversas vezes e eu relutei tanto em aprender: o que fica é a memória (dos bons tempos.)

Ainda não achei uma despedida própria e tenho rabiscado folhas e mais folhas em busca daquilo que seria digno de tudo aquilo que você representou pra mim. Já escrevi frases, poemas, ensaios, li muito sobre a morte e como ela faz parte de um ciclo. A minha dúvida é, simples: será que nos reconheceremos na próxima vida?

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Obrigado pelos 11 anos e alguns meses de companhia. Hoje me aproprio da despedida de Isabel Allende em seu livro "Paula":

Adeus, Zeus, meu quase ser humano
Bem-vindo, Zeus, espírito.