domingo, 25 de abril de 2010

Criação (da Escória do Amor)

Criação (da Escória do Amor)

Tortura-me a simplicidade
Com a qual toquei seus vivos cabelos
A cumplicidade que havia na mais
pura palavra não-desenhada em tua boca
(dói-me saber; criei-te assim em minha mente
coisas qu’eu não fui capaz de ter de ti)

Corta-me o fio da memória que
destrói a susceptibilidade ruinante
Surra-me a idéia do seu respirar
e a possibilidade do nosso regicídio
(agora o cidadão bom há de tê-los
não devem passar de dois ou três
pensa-nele-mentos vãos)

“Não mais crie-o assim para ti”
diz-me o belo moço ao apertar
a minha
mão
(pior é saber que não fui eu a criá-lo)

-

Sem data.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Missão: relaxar

Eu disse que não estava mais jogando pelas regras e percebo o que isso significa agora. Respirar e pensar que tudo ficará bem. Menos ideias negativas e mais conceitos. Menos teorias sem fundamentos e mais bases concretas. Aprender a ignorar as coisas ruins e aceitar que as boas valem mais. Não pensar que um dia ruim é a regra, mas sim a exceção. Enxergar o lado bom de viajar duas horas para trabalhar. Aceitar as tarefas como rotina. Compreender que posso crescer mais. Sentar no chão e observar os pássaros. Andar 2 horas seguidas e ainda assim estar sorrindo. Obrigado por mudar a minha perspectiva. Você está cumprindo a sua missão: relaxar.

domingo, 18 de abril de 2010

Sol Naqueles Olhos 2 - Uma manhã de domingo

A chance de sorrir chegou. O dia que já estava claro se ilumina com essa alvorada. Você não percebeu o sol entrando pelas frestas da janela, mas eu sim. Também senti sua respiração e soube que você não estava sonhando. Tudo é muito real para ser apenas um devaneio. A segurança que sinto advém da forma como você fala. Isso é real, sim. Isso é tão sólido que não consigo descrever. Isso é tão concreto que sinto na pele. Isso é tão sensual que sinto o suor. Tão puro e inocente que sinto o ar nos pulmões.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Água e sabão - uma teoria

Conversamos sobre filmes, música e privacidade. Fetiches, ideias e até mesmo as comidas que não gostamos. Por favor, alguém me belisca.
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Expliquei a minha teoria sobre como a águas me assombravam nos últimos dias/meses. Água e sabão. Essa combinação que ele me chamou de "duas coisas distintas que combinam perfeitamente" e que eu confirmei que também era assim. Ressaltei a maravilha de ver como interpretamos de maneiras diferentes e que isso era o que me completava de certa forma.

No fundo, a água trouxe uma resposta que eu esperava há tempos. Um tipo de lavagem, batismo na falta de melhor termo. Água e sabão lavaram tudo aquilo que deixei pelo caminho. Sem manchas, sem problemas e sem mágoas. A lavagem chegou ao fim. Estou tão puro como Sylvia Plath em "Tulips". Só quem sem o drama. E com um sorriso por ele ter me ouvido. Sweet.
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Water flows and fills the emptiness
A void which used to lie underneath
and do I protest? Guess not.
Water washes all the stains and renews
what was left - almost dead? not so rosy.
Water and soap make life begin anew
Water - I feel the coldness of it.
there's a meaning behind it,
utterly frightening. Should I see through the water?
so crystal clear that it feels like a see-through shirt.
do you see it? do you?
really?

Sol Naqueles Olhos

O sol está ali naqueles olhos nos quais não me canso de buscar
as resposta, até mesmo os sonhos.
Ele é um sonhador que me acalma com
suas verdades nem tão tímidas.
Amo esse desvio de olhar
e como as palavras dele são pequenas adagas nesse gelo
que existia.
Ele é tão inocente e não vejo manchas nas estórias.
Quanta paz nesse tom de voz calmo.
É como o meu mantra mais particular.
O sol naqueles olhos.
Esses que aquecem a noite fria.
Esses que não me canso de olhar.
14/04/2010, agenda.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Vanilla sweetens the air, ginger spices it

Eggbeaters whirl, spoons spin round in bowls of butter and sugar, vanilla sweetens the air, ginger spices it;

Direto de "A Christmas Memory" em um dia chuvoso, ilhado em casa. Acho que nada combinou melhor mesmo. Fazer bolos não é algo que curto, mas chuva convida até mesmo os mais desajustados ao processo dessa complicada arte. E não, não fiz bolo algum, apenas apreciei a televisão com seus programas variados e a literatura como extensão da minha imaginação.
Que coisa cruel.

domingo, 4 de abril de 2010

Whiskey and apples go together

"Whiskey and apples go together. Fix me a drink, darling. Then you can read me a story yourself."

Bateu uma vontade irrefreável de começar um roteiro de um trabalho sobre "Breakfast at Tiffany's". Não que eu seja um tarado por coisas do Truman Capote ou pelo filme que, aliás, nem vi ainda. É muito mais sobre como nunca pensei nessa obra como uma grande muleta - o que, na realidade, penso agora. Um tipo de muleta psicológica.

As referências, a construção do texto, o modo como tudo parece estar longe da realidade. Tudo isso me seduziu ao ponto de ler initerruptamente as mais de cem páginas em um dia. Enxergar a vida pelos olhos de Holly Golightly seria uma das coisas que desejo agora. Não ter que me importar com os tropeços ou cochichos alheios. Libertar-me desses paradigmas modernos e apreciar a real sensação de liberdade. Uma pena eu ser tão compromissado com a modernidade. Tão preocupado com o meu perfil social.

Penso como whiskey e maçãs são, sim, uma grande combinação. O whiskey com o álcool que ferve a garganta e a maçã com o delicado doce que torna tudo inocente. Ou seria mais pecaminoso?

Aceito o drink. Espero que a leitura do próximo seja tão excitante quanto a anterior. Ou até mesmo espero que alguém leia algo para mim, afinal, dependendo da voz, o interesse é maior.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O pequeno pássaro

Existem momentos em que você tenta tudo, pois perder não faz parte do seu vocabulário. Perder é algo que você jamais conhecerá, ou ao menos assim você imaginava. Saber que chegou o momento de abrir mão de algo é muito mais que apenas "abrir mão" - é saber libertar algo que você não queria. É um pássaro que apreciava a janela aberta e simplesmente fugiu. Não se sabe como, mas lá está ele provando o sabor dos ventos livres. Só que a chuva chegou e o pequeno pássaro não soube onde se esconder. Não havia abrigo ou um lugar quente. O lar era a única opção, mas a janela estava fechada. A ave perdeu. E essa consciência é o que mais tortura: saber que tudo estava ali e a inquietação pelo diferente era uma armadilha. Agora não há mais como ter o mesmo pássaro na mesma casa.
Nasce "A Andorinha" depois de um mês longe dos cadernos. Um novo capítulo aberto.