domingo, 12 de outubro de 2008

Ele, Ele, Ele

Ele caminhou tão calmo e tão fora de sintonia. Seu casaco estava um pouco desarrumado - o suficiente para desandar esse olhar que eu fixei. Certamente é proposital. Certamente é algo que ele quer provocar nos outros. A porta que ele deixa entreaberta me convida para investigar o seu noturno. Olhando percebi que ele endireitou o casaco e a gola está alta, do jeito que eu gosto e sempre gostei. Acho o andar mais atraente ao sabor desse vento pseudo-frio. Enganam sobre a pureza os lábios dele. Cogito que ele nunca beijou alguém. Fantasio que ele dançou ontem. É mais palpável, pois ele parece ser o dançável. Será que só eu imagino o quão stripper ele pode ser? Será que essa minha fantasia é tão absurda que ele perderá o foco quando notar minha fixação? Eu reconheço nele o que eu procuro em mim. Uma beleza irreparável. Algo meio Dorian Gray, mas sem a parte da dor e arrependimentos. Como ele ainda está tão belo. Clichê eu dizer que a luz repousa sexy-mente nele. Não é fútil, é saber apreciar. Quão distante de explicações ele pode ser? Queria me prender ao físico, mas o metafísico habita, polui meu ar e perfuma o dele. Procuro nele o que não acho em mim: satisfação com o desarrumado. Satisfação no não-concordado.

2 comentários:

Carol disse...

Ui.
Que delícia.
Cheguei a ficar com calor enquanto lia. =D
Muito sexy. Adorei. =)

Anônimo disse...

Fiquei feliz ao ler seu comentário. Tu se lembra de mim escritor!

Como você tá?
Deixe-me contar, sabe o que estou estudando? Estou fazendo o técnico de enfermagem. Sim! Passei, alegrei, e estou sofrendo e AMANDO.