domingo, 20 de junho de 2010

My cup of tea: Under Rug Swept

Under Rug Swept, Alanis Morissette

Depois de escolher "Hands Clean" para uma aula, escolhi falar sobre o álbum que contém a canção mencionada. Under Rug Swept foi o álbum da Alanis que me fisgou profundamente. O anzol agarrou e não consegui me soltar. Dura até hoje.

Apesar de já conhecer a Alanis há tempos, apenas com Under Rug Swept comecei a notar como as suas palavras falavam diretamente comigo (e sobre mim). A guitarra fajuta, a batida e as frases cortas/pronunciadas de maneira estranha em "21 Things I Want in A Lover" ainda me fazem pensar nas intermináveis listas que fazemos ao conhecer alguém. Queremos qualidades e nenhum defeito. Queremos apenas coisas boas, mas descobrimos impossível alguém assim. Então, o que nos sobra além das listas e tentar dar um tick nos itens que já achamos?

Encontramos pessoas extremamente vaidosas. Pessoas que valorizam apenas o seu bem-estar. "Narcissus" me lembra como às vezes damos um tiro no próprio pé. "Hands Clean" traz à tona uma estória com uma pessoa bem mais velha. A experiência ao nossos olhos é sedutora e tentadora, mas será que vale sempre? Quem nunca esteve numa relação um pouco problemática e que precisou guardar segredos? Segredos que hoje servem de lição.

O amor que falhou no passado retorna em "Flinch". Com ele, todas aquelas sensações: frio na barriga, inseguranças e memórias. O amor que deveria ter durado, mas que não funcionou. As lembranças servem como tortura e precisamos nos libertar delas (How long can a girl stay shuckled to you? e How long can a girl be tortured by you?). As inseguranças continuam com "So Unsexy" e as questões sobre como amar a si mesmo.

Ilusões? Quem nunca as teve? Já sonhamos com diversos futuros. A incerteza sobre as relações está presente em "Precious Illusions". É mais simples não olhar para o novo com olhos de "falhei no passado, preciso acertar agora". "That Particular Time" com seu piano seco me lembra um pouco do clima árido que vivemos nas relações. Será que gostar do outro é suficiente? Será que gostar de alguém significa abandonar a si mesmo? Como a própria canção diz, naquele momento o amor me encorajou a esperar e ir embora, o amor me ajudou a ser paciente e a não correr novamente. Aquele mês foi mais difícil que você acreditaria, mas mesmo assim eu parti.

"A Man" traz uma sonoridade mais rock e aborda a visão masculina que temos do mundo. Alanis se transforma e (como as feministas gostam) descreve como os homens se portam socialmente. O amor retorna em "You Owe Me Nothing in Return" com a temática do amor nem sempre recíproco. Amar alguém já é suficiente e não somos donos de ninguém. Se você precisar relatar seus problemas, eu ouvirei. Se necessitar de incentivo para um novo caminho, eu te apoiarei. Você pode expressar as suas verdades mais profundas, mesmo que isso signifique perder você, e eu te ouvirei. Você pode até mesmo sair da cidade em busca da sua paixão que eu aceitarei. Assim é a verdade de gostar de alguém.

"Surrendering" é de longe umas das minhas favoritas. A animada melodia se encaixa perfeitamente com a letra honesta que aplaude, saúda e elogia a coragem da pessoa em aceitar se envolver. As táticas para a conquista são abordadas na canção e a coragem, a sabedora e a confiança são agraciadas com a honestidade. Não há como não chamar de arte. Fechando o álbum, outra gema não muito apreciada, "Utopia". A voz calma e a melodia singela envolvem o ouvinte na concepção de um mundo melhor. É possível transformar o caos em paz, caso queiramos isso. "Utopia" fecha com a sensação de um possível mundo melhor.

Atravessar o rock e o pop com maestria, abordar o amor em suas diversas formas, dar pitaco na paz mundial, admitir erros e acertos. Alanis conseguiu criar um álbum denso, curto e acessível. Um álbum que dominou o meu rádio essa semana e que sempre retorna. Welcome back, Under Rug Swept. E obrigado Alanis pela honestidade de cada dia. Amém.

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